segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Vida de São Francisco Xavier


Soprava com persistência o frio vento do norte e as ondas do oceano rompiam cada vez mais violentas naquela praia que parecia deserta. O céu, coberto de plúmbeas nuvens, escurecia rapidamente, prenunciando longa e tormentosa noite.
Não muito longe da beira do mar, elevava-se uma mísera cabana, feita com algumas pranchas de madeira carcomida, cuja cobertura de palha seca era agitada pelo vento glacial. Dentro dela, estendido sobre uma esteira, um homem agonizava. Seu corpo exangue ardia consumido pela febre, mas seu olhar profundo e vivo espelhava um espírito de fogo, refletia a eternidade... Morria o Apóstolo do Oriente, Francisco Xavier.
sao_francisco__xavier.jpg
Início promissor
No dia 6 de maio de 1542, aportava na remota e lendária Índia, depois de conturbada viagem de treze meses, o filho dileto de Santo Inácio de Loyola. As portas da Ásia abriam-se diante desse sacerdote de apenas 35 anos de idade.
Seu primeiro campo de ação foi a cidade de Goa, principal colônia portuguesa no Oriente, onde os europeus esquecidos de sua missão civilizadora, dedicavam-se a um lucrativo comércio e se deixavam arrastar pela sensualidade e pelos vícios do mundo pagão.
Em poucas semanas, fizeram-se sentir naquela cidade o benéfico efeito da ação de presença, das pregações e do ativo zelo do novo missionário: "Tantos eram os que vinham se confessar que, se eu fosse dividido em dez partes, todas elas precisariam atender confissões" - escreveu ele em setembro de 1542 aos jesuítas de Roma.
"Num mês batizei mais de dez mil pessoas"
Depois de passar alguns meses nessa cidade, rumou Francisco para terras ainda mais distantes. Toda a costa sul da península indiana foi percorrida por ele. E a partir de então, sua vida tornou-se um ininterrupto peregrinar por terras, mares e ilhas longínquas, alargando sem cessar as fronteiras do Reino de Jesus. Em carta de janeiro de 1544, disse ele a seus irmãos de vocação: "Tanta é a multidão dos que se convertem à fé de Cristo nesta terra por onde ando, que muitas vezes me acontece ter os braços cansados de tanto batizar (...). Há dias em que batizo todo um povoado".
Um ano depois, relatava novas maravilhas operadas por Deus naquelas paragens: "Notícias destas partes da Índia: faço-lhes saber que Deus nosso Senhor moveu muitos, num reino por onde ando, a se tornarem cristãos, de modo que num mês batizei mais de dez mil pessoas. (...) Depois de batizá-los, mando derrubar as casas onde tinham seus ídolos e ordeno que rompam as imagens dos ídolos em pequenas partes. Acabando de fazer isto num lugar, dirijo-me a outro, e deste modo vou de lugar em lugar fazendo cristãos".
No Império do Sol Nascente
Assim, enfunadas as velas de sua alma pelo sopro do Espírito Santo, com heróica generosidade Francisco Xavier fez de sua existência um contínuo "fiat mihi secundum verbum tuum", lançando- se sempre, de ousadia em ousadia, à conquista de mais almas, para a maior glória de Deus.
sao_francisco__xavier2.jpg
 Depois de ter percorrido o sul da Ásia durante dez anos, São Francisco Xavier
veio falecer às portas da China

Roteiro das viagens de São Francisco Xavier
Certo dia, estando na cidade de Malaca, apresentaram-lhe um homem de olhos oblíquos e mirada inteligente, que havia percorrido centenas de milhas tendo por único intuito encontrar-se com o célebre e venerável ocidental que perdoava os pecados... Seu nome era Hashiro e sua terra natal, o Japão.
Imediatamente, vislumbrou Francisco a riqueza que seria para a Igreja se o povo representado por esse intrépido neófito fosse santificado pelas águas do Batismo. Escreveu então a seu fundador, em janeiro de 1549: "Não deixaria eu de ir ao Japão pelo muito que tenho sentido dentro de minha alma, ainda que possuísse a certeza de que haveria de passar pelos maiores perigos da minha vida, porque tenho grande esperança em Deus Nosso Senhor que nessas terras há de crescer muito nossa santa fé. Não poderia descrever quanta consolação interior sinto em fazer esta viagem ao Japão".
Lutando contra adversidades de toda ordem, mais de dois anos passou Francisco no remotíssimo Império do Sol Nascente, fundando igrejas, anunciando a verdadeira fé a príncipes e nobres, a pobres camponeses e inocentes crianças. Em carta de novembro desse mesmo ano, declarou a seus irmãos residentes em Roma: "Pela experiência que temos do Japão, faço-lhes saber que seu povo é o melhor dos descobertos até agora".
Entretanto, tendo como objetivo conseguir mais missionários para essa promissora terra, partiu de volta à Índia, deixando no Japão, que não mais o veria, uma robusta e florescente cristandade.
Sempre mais!
Depois de ter percorrido o Extremo Oriente em todas as direções durante dez anos e levantado a Cruz no arquipélago nipônico, o coração de Francisco, insaciável da glória de Deus, lançou- se a conquistar novos povos para seu Rei e Senhor: a China seria agora sua grande meta. Pela importância do império chinês, por sua incalculável população e, sobretudo, seu prestígio e riqueza cultural, compreendeu que, se fizesse nele correr as águas batismais, a Ásia inteira se prostraria aos pés do Divino Redentor.
"Este ano espero ir à China, pelo grande serviço a nosso Deus, que lá se poderá obter", escreveu em janeiro de 1552 a seu pai, Inácio de Loyola. No mesmo ano, referindo-se a esta nação, comunicou a seus irmãos de vocação os anelos e esperanças de sua alma de missionário: "Vivemos com muita esperança de que, se Deus nosso Senhor nos der mais dez anos de vida, veremos grandes coisas nestas regiões. Pelos méritos infinitos da Morte e Paixão de Deus nosso Senhor, espero que Ele me dará a graça de fazer essa viagem à China".
A última viagem
Retornando do Japão, pouco tempo se deteve o Pe. Francisco na Índia. Apenas o suficiente para atender as necessidades da Companhia de Jesus nessas terras e preparar a tão desejada viagem à China.
Um dedicado amigo do infatigável missionário, chamado Diogo Pereira, empregou toda a sua fortuna fretando um navio, carregando-o com esplêndidos presentes para o imperador da China e adquirindo magníficos paramentos de seda e de damasco, e todo tipo de ricos ornamentos para celebrar a Santa Missa com toda a pompa, de modo a dar aos chineses noção da grandeza da verdadeira religião que lhes seria anunciada.
sao_francisco__xavier3.jpg
 Fisionomia de São Francisco, pintada em vida
(Igreja do Gesù, Roma)
Antes de viajar, o Santo escreveu ao Rei de Portugal, em abril de 1552: "Parto daqui a cinco dias para Malaca, que é o caminho da China, para ir dali, em companhia de Diogo Pereira, à corte do imperador da China. Levamos ricos presentes comprados por Diogo Pereira.
E da parte de Vossa Alteza levo um que nunca foi enviado por nenhum rei nem senhor a esse imperador: a Lei verdadeira de Jesus Cristo nosso Redentor e Senhor". Assim, no dia 17 de abril de 1552, embarcou na nave Santa Cruz para conquistar o império de seus sonhos
"Desamparado de todo humano favor"
No entanto, poucos dias de navegação haviam transcorrido, quando desencadeou- se terrível tempestade. A tripulação do navio, espantada com a violência dos elementos e tendo perdido qualquer esperança de salvação, pedia com grandes clamores o sacramento da Penitência. Francisco Xavier, imperturbável, recolheu-se em profunda oração. E imediatamente - assim como outrora à voz do Divino Salvador as águas do Lago de Genezaré haviam- se acalmado - o vento cessou de soprar e as ondas tornaram-se suaves e calmas pela fé e pelas preces desse humilde conquistador de impérios.
Mas a partir deste momento, não cessaram os infernos de levantar obstáculos e contrariar a viagem. "Tende por certo e não duvideis que de modo algum quer o demônio que os da Companhia do nome de Jesus entrem na China" - escreveu ele em novembro de 1552 aos padres Francisco Pérez e Gaspar Barzeo.
Chegando à cidade de Malaca, última escala antes de penetrar em águas chinesas, inopinadamente, o capitão português desse porto - que, aliás, devia seu cargo aos bons ofícios e recomendações de Francisco - impediu a continuação da viagem, alegando que só a ele caberia o comando de uma expedição à China...
Tendo sido inúteis todas as súplicas e rogos, empregou Francisco Xavier um último recurso: apresentou a bula papal que o nomeava legado pontifício, a qual até então nunca havia utilizado, e exigiu a plena liberdade de viajar à China em nome do Papa e do Rei de Portugal.
Além disso, anunciou ao obstinado capitão que incorreria em excomunhão se continuasse a impedir a partida do navio. Sem embargo, também isso foi inútil. A ambição e a cobiça desse infeliz levaram-no ao extremo de insultar e maltratar aquele peregrino da glória de Deus.
Finalmente, após várias semanas de espera, a nave Santa Cruz pôde singrar as águas em direção à China, mas sob o comando de homens nomeados pelo capitão português, o qual morreu pouco tempo depois, excomungado e corroído pela lepra.
Com o coração partido, Francisco revelou ao Pe. Gaspar Barzeo em julho de 1552: "Não podereis acreditar quanto fui perseguido em Malaca. Vou para as ilhas de Cantão, no império da China, desamparado de todo humano favor".
À espera do barco, olhando sem cessar para a meta.
Sancião era o nome dado pelos portugueses à inóspita ilha de Shangchuan, situada a 180 quilômetros da cidade de Cantão. Nessa ilha, onde os navios europeus costumavam aportar para comerciar com os chineses, desembarcou o santo missionário em outubro de 1552.
Esforçaram-se ali os portugueses por encontrar, entre os numerosos mercadores chineses, algum que se prontificasse a levá-lo a Cantão. Todos, porém, se escusavam, pois isso era vedado pelas leis imperiais, e os transgressores expunham- se a perder todos os haveres e até a própria vida. Por fim, um deles, decidido a correr o risco, se dispôs a transportar São Francisco numa pequena embarcação, mediante o pagamento de 200 cruzados.
"Os perigos que corremos neste empreendimento são dois, segundo a gente da terra: o primeiro é que o homem que nos leve, depois de receber os duzentos cruzados, nos abandone numa ilha deserta ou nos jogue no mar; o segundo é que, chegando a Cantão, o governador nos mande para o suplício ou para o cativeiro" - escreveu Xavier ao Pe. Francisco Pérez.
Esses perigos, porém, o infatigável apóstolo não os temia, pois seguro estava de que "sem a permissão de Deus, os demônios e seus asseclas nada podem contra nós".
Acompanhado de apenas dois auxiliares, um indiano e um chinês, ficou na Ilha de Sancião à espera do retorno do comerciante que se comprometera a transportá-lo. Celebrava diariamente ali o Santo Sacrifício do Altar, olhando sem cessar para o continente pelo qual com tanto ardor suspirava. Mas os dias e as semanas se passaram, e em vão aguardou Francisco a volta do chinês: este infelizmente nunca retornou.
Últimas palavras de um santo
As forças físicas do ardoroso missionário chegaram então ao termo. Uma altíssima febre o obrigou a recolher- se em sua improvisada cabana, onde, desamparado dos homens e padecendo frio, fome e toda classe de privações, deveria passar os últimos dias de sua heróica existência nesta terra de exílio.
sao_francisco__xavier4.jpg
 De Francisco Deus não queria a conversão da China,
mas queria a sua alma


(Morte de São Francisco, Igreja de São Pedro, Lima)
Àquele varão que não conhecera o cansaço, àquele apóstolo que com sua palavra arrastava multidões, àquele taumaturgo que havia ultrapassado grandes obstáculos operando milagres portentosos, o Senhor do Céu e da Terra reservava a mais heróica e gloriosa das mortes: a exemplo de seu Mestre Divino, Francisco Xavier morreria no auge do abandono e da aparente contradição.
Alguns dias antes de entregar seu espírito, entrou em delírio, revelando então a magnitude do holocausto que a Providência lhe pedia: falava continuamente da China, de seu veemente desejo de converter esse império e da glória que adviria para Deus se esse povo fosse atraído para a Santa Igreja Católica...
E nas primeiras horas da madrugada de 3 de dezembro de 1552, Francisco Xavier expirou docemente no Senhor, sem uma queixa ou reclamação, divisando ao longe aquela China que não conseguira conquistar e que tanto havia desejado depositar aos pés de seu Rei, Nosso Senhor Jesus Cristo.
Suas derradeiras palavras foram estas frases de um cântico de glória: In te, Domine, speravi. Non confundar in aeternum. Em Vós espero, Senhor. Não me abandoneis para sempre!
A maior glória de Deus
À primeira vista, sobretudo para quem não tem seu olhar habituado a contemplar os horizontes infindos da Fé, a vida de São Francisco Xavier parece, em certo sentido, frustrada.
Quantas almas não se teriam salvo e quanta glória não haveria recebido a Santa Igreja se o imenso e super povoado império chinês houvesse sido evangelizado por este apóstolo de fogo! Entretanto, quando se encontrava ele, finalmente, às portas desta nação, depois de haver passado por dificuldades e combates de toda ordem, o chamado de Deus se fez ouvir: "Francisco, meu filho, cessa tua luta e vem a Mim!" Oh! mistério do Amor Infinito! De Francisco, Deus não queria a China... mas queria Francisco.
E o intrépido conquistador respondeu, sem hesitar, como Jesus no Horto das Oliveiras: "Senhor, faça-se a vossa vontade e não a minha. Sim, Redentor meu, cumpram-se, antes de mais nada e sobre todas as coisas, vossos perfeitíssimos desígnios e assim, e só assim, Vos será dada a eternidade!" maior glória nesta terra e por toda a eternidade.
(Revista Arautos do Evangelho, Nov/2005, n. 47, p. 20 a 23)
sao_francisco__xavier.jpg

Advento: chamado para “estarem prontos para a vinda do Senhor”, pela sobriedade e oração, diz Bento XVI

Cidade do Vaticano (Segunda-feira, 03-12-2012) O Advento nos exorta a "estarmos prontos para a vinda do Senhor", observou o Santo Padre ontem, no primeiro domingo do ano litúrgico, durante a Oração do Ângelus na Praça de São Pedro.

Explicando o sentido do tempo do Advento, Bento XVI reafirmou que os cristãos devem ser um sinal do amor e da justiça de Deus "em meio das agitações do mundo, ou dos desertos da indiferença e do materialismo".
No início de suas palavras, o Papa explicou o sentido das leituras do primeiro domingo do Advento. Elas falam da espera da segunda vinda de Jesus Cristo.
O Advento "na linguagem cristã, recordou o Santo Padre, refere-se à vinda de Deus, à sua presença no mundo: um mistério que envolve inteiramente o cosmo e a história, mas que conhece dois momentos culminantes: a primeira e a segunda vinda de Jesus Cristo", isto é, a Encarnação e o retorno glorioso no final dos tempos.
angelus.jpg
Esses dois momentos nos falam sobre o inteiro desígnio de salvação de Deus, que "está sempre em ato" e "requer continuamente a livre adesão e colaboração do homem". A Igreja também "vive dirigida à memória de seu Senhor" e na expectativa "de esperança vigilante e operosa" no seu retorno. É também um chamado dirigido a todos para "estarem prontos à vinda do Senhor" através da sobriedade e oração.
"Em meio das agitações do mundo, ou dos desertos da indiferença e do materialismo, - continuou o Pontífice - os cristãos acolhem de Deus a salvação e o testemunham com um diverso modo de viver, como uma cidade colocada sobre um monte". São "sinal do amor de Deus, da sua justiça que está presente na história mas que não está ainda plenamente realizada, e portanto, deve ser sempre esperada, invocada, buscada com paciência e coragem", concluiu o Papa. (AA/JS)

fonte: gaudiumpress.org

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Por que Deus incomoda tanto?

Deus seja louvado.jpg
A frase "Deus seja louvado" pode ser retirada das notas do Real.
Esta semana o jornal O Globo publicou o pedido feito pelo Ministério Público Federal à Justiça para que seja retirada das cédulas de reais a frase "Deus seja louvado". Segundo o procurador regional dos direitos do cidadão, Jefferson Aparecido Dias, a inscrição fere o princípio do estado laico e exclui minorias.
Para o procurador, o fato de os cristãos serem maioria no Brasil "não justifica a continuidade das violações aos direitos fundamentais dos brasileiros" que não acreditam em Deus.
Se a ação for aceita a União terá o prazo de 120 dias para produzir as cédulas sem a inscrição e a multa simbólica de R$ 1,00 por dia de descumprimento.
A Casa da Moeda declarou que o Banco Central é o responsável "pela emissão propriamente dita, como também a definição das características técnicas e artísticas". O Banco Central por sua vez explicou que o fundamento legal para a existência da expressão "Deus seja louvado" nas cédulas é o preâmbulo da Constituição, que afirma que ela foi promulgada "sob a proteção de Deus".
Dom Odilo Pedro Scherer.jpg
Dom Odilo Pedro Scherer
Ao lado dessa notícia podemos colocar uma determinação do Conselho da Magistratura do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul no dia 6 de março deste ano, no qual foi definido por unanimidade a retirada de crucifixos e símbolos religiosos dos prédios da Justiça gaúcha.
"Resguardar o espaço público do Judiciário para o uso somente de símbolos oficiais do Estado é o único caminho que responde aos princípios constitucionais republicanos de um estado laico, devendo ser vedada a manutenção de crucifixos e outros símbolos religiosos em ambientes públicos dos prédios do Poder Judiciário no Estado do Rio Grande do Sul", declarou o desembargador Cláudio Baldino Maciel.
O Cardeal Arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer comentou que o crucifixo não interfere nas decisões dos juízes, que se baseiam nas leis e a alusão a Deus nas cédulas do real não fere a ninguém, pois "para quem não crê em Deus, ter ou não ter essa referência não deveria fazer diferença. E, para quem crê em Deus, isso significa algo".
O purpurado recordou que os que "creem em Deus também pagam impostos e são a maior parte da população brasileira".
Essas ações e decisões para e pela Justiça brasileira nos fazem questionar: Por que Deus incomoda tanto?
Com qual intuito a Justiça quer bani-lo do estado? A presença de seu nome em uma frase ou a representação de sua imagem em um crucifixo são tão temíveis assim para um país que foi descoberto por naus que ostentavam cruzes de Cristo em suas velas e que teve seu primeiro nome como Ilha de Vera Cruz e depois Terra de Santa Cruz?
Meirelles-primeiramissa2.jpg
Quadro da primeira missa pintado por Victor Meirelles
Há símbolos que fazem parte da cultura e da história brasileira. Um deles é a Cruz de Cristo. Já o marco de pedra que oficializava a descoberta da nova Terra tinha uma cruz e as cinco quinas portuguesas representando as cinco chagas de Nosso Senhor. Como deixar de lado ou esquecer que o primeiro ato público solene realizado diante dos descobridores e dos respeitosos habitantes foi realizado diante de uma cruz de madeira, no Ilhéu da Coroa Vermelha, onde Frei Henrique celebrou a primeira Missa em terra firme e que foi imortalizado na composição do quadro de Victor Meirelles?
Apenas 512 anos são suficientes para esquecer-se as origens de um país, de um povo, de uma cultura? Amnésias existem mas, se são voluntárias, elas bem que podem ter outro nome...
Recordemos um trecho de um dos documentos do Concílio Vaticano que diz: "Quis a Divina Providência que uma Missa marcasse o início da História da maior nação católica do mundo. Pois, de fato, dos méritos infinitos do sacrifício incruento que se renova sobre o altar, ou seja, da Eucaristia, procedem e se ordenam, como a seu fim, todas as grandes obras da História da Igreja. (Cf. Sacrosanctum Concilium, n. 10)".
Christ_on_Corcovado_mountain.JPG
Por quanto tempo ainda permanecerá firme a imagem
do Cristo Redentor em seu pedestal no Corcovado?
Se continuar assim, é de se temer que um outro decreto faça com que o morro do Corcovado volte a ser apenas uma elevação granítica igual a tantas outras que existem no Rio. Sim, porque usando o mesmo "argumento", o Cristo Redentor poderá ser retirado de seu pedestal. Com o pedestal vazio, o prosaico do "laico" tomará o lugar do charme, da hospitalidade e da religiosidade da alma carioca que o Cristo tão bem estimula e representa.
É mesmo para se perguntar: por que Deus incomoda tanto?
Por Emílio Portugal Coutinho.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Animal tem Alma?

 



A verdade no ensinamento da Doutrina Católica

Animal tem Alma?

Conhecemos três tipos de Substâncias Espirituais:

1º- O próprio Deus - Que é espírito infinitamente perfeito.
2º- Anjos
3º- Alma humana.



Nos três casos há uma inteligencia que não depende de nenhuma substancia física para atuar.

É verdade que nesta vida nossa alma está unida ao corpo, mas não é uma dependencia absoluta e permanente. Qdo se separa do corpo pela morte, a alma continua a atuar, conhecer, querer e a amar, até mais livre que nesta vida mortal.

O anjo é espírito, mas não tem alma (noutros termos, é puro espírito); A planta e o animal têm alma, mas não espírito, pois sua alma não é espiritual, mas mortal; O homem tem uma alma que é espíritual, i.e, uma alma que é também espírito.
Alma é o princípio vital de todo ser vivo. 

Daí dizermos quem um desenho, por exemplo, é "animado" (do latim, "anima"), quando ele "se move". 

Todo ser vivo tem alma.

Isto está bem desenvolvido em Santo Tomás, na Suma.

A célula só se reproduz por causa da alma lá presente. 
Daí dizermos que Deus infunde a alma no momento da concepção. 
Se não assim não fosse, não poderia haver multiplicação celular.
Temos de remover de nossa mente a idéia de uma alma como se fosse um "fantasminha", uma "alma penada" vagando por aí e igual ao corpo, totalmente estranha à mentalidade católica. 
Já o termo "espírito" é mais uma qualidade, o oposto de "matéria". Assim, o corpo é material, e a alma, no homem, é espiritual.
A alma é a forma do corpo, e este a matéria informada por aquela. O corpo sem a alma é morto.

Chamamos "forma" o que dá coerência a determinada matéria. 

Assim, um cachorro e um ser humano tem a mesma matéria (corpo, carne, ossos etc). O que os torna diferentes é justamente a forma, que no caso é a alma. O cachorro só é cachorro porque uma dada matéria foi informada com alma de cachorro.

Já a bananeira, além de ter uma matéria diferente da do cachorro e do ser humano, tem uma alma diferente, uma forma diferente.
O homem, ao contrário do cachorro e da bananeira, tem uma alma espiritual.

Desse modo, alma e espírito, no cachorro e na bananeira, são termos distintos: eles têm alma, mas não espírito.
No homem, todavia, alma e espírito são quase sinônimos, pois sua alma é espiritual.

Nisso, por ser espiritual, a alma humana é intelectual, transcendental e imortal.

A alma do cachorro e da bananeira não. 

Por isso, quando a alma do cachorro e da bananeira se separam do corpo, ocorrendo a morte, há tb a morte da própria alma deles. 

A alma dos seres vivos infra-humanos acaba com a morte. No homem são substancialmente unidas a alma e o corpo, de modo que na Ressurreição a alma será reunida ao corpo, à semelhança de Nosso SENHOR.

É difícil entender isto, quando não se conhece os dons herdados pelo homem, puro dom de Deus.
O homem foi elevado por Deus a um ser sobrenatural, herdando dEle, dons preternaturais (A ciência infusa, o domínio da paixões e a imortalidade do corpo) - todos estes privilégios foram dados para que este homem ficasse apto a receber o maior dom: a graça santificante que é a própria vida de Deus nele, que moveria ao homem nesta vida para que ele, pela luz da glória, pudesse viver eternamente com Deus.

Este homem terminaria aqui seus dias e entraria em posse do amor, viveria com Ele. Sua alma e seu corpo não se separariam, já que esta separação aconteceu justamente porque pecaram contra o Senhor( coisa difícil de entender, já que eram quase que perfeitos, pelos dons herdados) e ao pecar perderam todas as regalias, e ficaram então sujeitos a morte que conhecemos..onde a alma se separa do corpo ( tendo como destino: céu, purgatório e inferno) e na ressurreição final, se unirão novamente para gozar da presença de Deus ou não, confirme foi sua vida aqui.

Para os restituir estes dons perdidos e nos reconciliar com Deus, para termos condições de vivermos eternamente, veio Cristo, que se encarnou, e pelos méritos de sua cruz, conquistou pra humanidade a redenção e as distribuindo pelos sacramentos, que Ele deixou de posso de sua Igreja, para os dispensa-los aos homens.

Baseado nisso, é fácil entender porque os animais não vão ao céu. Cristo não morreu por eles, já que estes servem ao homem, criados a imagem e semelhança do Senhor.

É estranho dizer que a alma dos animais não lhes dá a capacidade de ter sentimentos. Até onde eu observo, os animais sentem e expressam sentimentos (alegria, tristeza, raiva, euforia, preguiça, e mesmo vergonha ou dissimulação). A diferença é que estes sentimentos não lhes têm peso moral algum; não são capazes de transformar essas emoções, digamos, instintivas, em virtude, pois que não são capazes de discernir entre o bem e o mal. Ficariam, pois, fechados aos próprios sentimentos, sem qualquer implicação transcendente.

Tanquerey em sua pag. 75, nos diz que o animal conhece os objetos sensíveis, tende para eles pelo apetite sensitivo com suas emoções, e move-se com movimento espontâneo. São seres vivos, mas não intelectuais, que podem conhecer a verdade e nem podem usar da vontade para aderir para o bem racional.

Usam sim, o instinto, um cachorro pede leite, ia pra perto da geladeira e o dono já sabia.

Se entendes por sentimento um estado, então não tem, por que a capacidade de conceituar é inerente ao intelecto humano e um estado é um conceito formulado a partir da associação entre a experiência, a vontade e a consciência.

Pai, mãe, filho, são palavras que podem variar de acordo com o idioma, mas conceitos universais que o homem pode identificar e, por isso, é capaz de compreender e se comunicar. 

Bicho sente, mas não tem estado. Suas reações são instintivas, pois não formula conceitos, nem é capaz de identificar situações anôma-las ou similares baseados neles.

O próprio "sentimento" é um conceito. Bicho não sente nesse aspecto porque não pode definir ou compreender o que é sentimento. Quem define é o homem e se define que bicho sente é por causa do sentido que só o ser humano viu.

A imortalidade é atributo ordinário da alma intelectiva, por ser de natureza espiritual.

Uma vez, pois, que em nossos dias (com dor o confessamos) o semeador do joio, o antigo inimigo do gênero humano, ousou semear e fazer crescer no campo do Senhor alguns perniciosíssimos erros, que pelos fiéis sempre foram repudiados, principalmente a respeito da natureza da alma racional, isto é, que ela seja mortal ou que seja única em todos os homens; e [até] alguns, falando temerariamente como filósofos afirmam que isto é verdade, pelo menos segundo a filosofia: querendo, portanto, usar os remédios adequados contra este mal, com aprovação deste sagrado Concílio, condenamos e reprovamos aqueles que afirmam que a alma intelectual é mortal ou que é uma só em todos os homens, e também aqueles que põe em dúvida essas verdades, pois a alma humana não só é, verdadeiramente, por si e essencialmente, a forma do corpo humano, mas também é imortal e, além disso, multiplicável, acha-se multiplicada e deve ser individualmente multiplicada na multidão de corpos nos quais é infundida. E como a verdade de modo algum pode estar em contradição com a verdade, definimos como absolutamente falsa toda afirmação contrária à verdade iluminada da Fé; e com todo o rigor proibimos que de outro modo seja ensinado o dogma; e decretamos que devem ser evitados e castigados, como destestáveis e abomináveis hereges e infiéis que procuram arruinar a Fé católica todos que aderirem a tais afirmações errôneas
(Apostolici Regimminis, Leão X, Concílio de Latrão V)

A alma humana, como todas as substâncias criadas, é contingente; necessita que Deus a conserve com Seu influxo criador.

Na verdade, a alma humana está sujeita ao aniquilamento por Deus, e só por Deus. Deus não aniquila o que criou, por isso dizemos que é imortal, porque, não sendo material, não está sujeita a evoluir para uma outra substância, como os seres materiais.

Alma vem do latim anima E a raiz semântica é a mesma utilizada para o reino animal. Sendo assim, podemos dizer que "alma" no seu sentido mais primitivo, representa a propriadade de um ser de se movimentar por si só, como nós costumamos dizer, seres animados e inanimados, bem como as animações, que significam uma sucessão de imagens em movimento.

Logo, alma seria a faculdade de movimentar-se. Como foi dito por alguém aqui, um robô até pode ter, nesse sentido, alma, mas uma alma artificial, pois seu movimento, embora autônomo, não provém de uma vontade, mas de uma programação predeterminada. Podemos dizer que no caso dos bichos, o seu movimento se dá pela sua vontade, mas uma vontade instintiva e não intelectiva.
A pergunta é se podemos utilizar este sentido de "alma" em todos os casos. Teologicamente falando, não me parece que "alma" signifique isso. Mas também não me parece que alma e espírito são sinônimos. Qual a diferença, afinal, teologicamente falando, entre alma e espírito?

É um consenso dos filósofos (pois o assunto "alma" é pertinente à Filosofia) que Deus infunde a alma intelectiva (não existente em potência na semente humana) toda vez que a matéria está disposta a recebê-la.

Assim diz o nosso Papa em discurso sobre o fundamento antropológico da família:
Deste laço fundamental entre Deus e o homem se deriva outro: o laço indissolúvel entre espírito e corpo: o homem é, de fato, alma que se expressa no corpo e corpo que é vivificado por um espírito imortal. Também o corpo do homem e da mulher tem, portanto, por assim dizer, um caráter teológico, não é simplesmente corpo, e o que é biológico no homem não é só biológico, mas expressão e cumprimento de nossa humanidade.

Essas palavras do nosso querido Bento XVI já dá um xeque-mate nos argumentos que teimam em dizer que um corpo criado de uma forma não-natural não tenham alma e espírito.

Para se haver corpo, é necessário a alma, é uma fator que não tem como desvincular uma da outra, e a afirmação que a alma é criada antes do concepção é nula, tendo em visto que a doutrina da pré-existencia da alma é condenada pela Igreja.

Referências:

TRESE, Leo: A Fé Explicada, pg 48

OTTO, Ludwig: Manual de Teologia Dogmática, pg  144

TANQUEREY, Adolph: A vida espiritual explicada e comentada, pg 78

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Beata Chiara Luce \o/

Os pais esperam ...


Sassello, uma aldeia situada na Ligúria, na província de Savona, pertencente à diocese de Acqui (Piemonte), tem uma variedade da natureza: cenário pitoresco, estradas fantásticas, as auroras magia e noites perfumadas. Nesta atmosfera de paz, na década de 60, Maria Tereza e Ruggero Badano esperar um dom de Deus: um filho.
 
O que esperararon por 11 longos anos. Ruggero invocado com a graça de uma fé sincera e humilde ao Santuário de Nossa Senhora das rochas perto Ovada (AL).



Em 29 de outubro de 1971, finalmente, vem o raio de sol que vai aquecer os corações desses pais: nascido Chiara (Clara) serão cometidos sob a proteção da Virgem Maria.

 

Apenas uma menina ...

Chiara (Clara), em nome e na verdade, com olhos grandes e profundos, com sorriso doce e comunicativo, inteligente e disponível. Vem para a escola matriculou no jardim de infância na aldeia, porque, sendo apenas uma criança, confraternizar com outras crianças e não se sentir o centro das atenções em sua casa. Educação por meio do evangelho mãe a amar a Jesus e à Virgem, a ser generoso para com os fracos, para defender a verdade ea justiça. Para nada egoísta ou caprichosa, é considerado pelos Irmãs Escolares "o espírito dos encontros bonitas e alegres da creche."


Ela gostaria que todas as crianças do mundo para ser feliz: ". Eu sonho com o dia em que os filhos de escravos e os filhos de seus patronos para se sentar junto à mesa da fraternidade como Jesus e os apóstolos"
Escolha os brinquedos mais novos e mais bonito para crianças pobres. Guardar em uma caixa as moedas que oferecem e os envia crianças africanas amá-los de uma maneira especial e sonhos para um dia curá-los
como médico.




Chiara (Clara) é uma garota e tudo, mas algo mais: ela sabe amar.

É dócil à graça e ao plano de Deus para sua vida. Em suas anotações primária pode ver a alegria e emoção de descobrir a vida: é uma menina feliz.

O dia de sua primeira comunhão dom recebido como a Bíblia. Para ele será um "grande livro" e "mensagens especiais". Aos 9 anos descobrir o Movimento dos Focolares, fundado por Chiara Lubich. O movimento ideal torna-se seu e envolve também os pais para se tornar parte deste caminho.




Amor ao próximo ...

Ela cresce e se manifesta ricos presentes, sem busca de atenção. Primeiro, escolha o seu alvo amor da vida de Jesus. Aos 14 anos, afirma: "Eu encontrei o Evangelho em uma nova luz: como eu encontrá-lo fácil de aprender o alfabeto, por isso tem de ser fácil de viver o Evangelho."




É sempre calma e alegre. Incentivado pelo amor para os fracos, os esquecidos, o menos apreciado (se quisermos chamar os deficientes mentais, os sem-teto, viciados em drogas), a cerca de iguarias e atenção, porque eles vêem o rosto de Jesus.


Chiara vive com sua plenitude adolescente. Para agradar a Jesus usa limpo e arrumado, sem nenhum esforço ou obrigação ", porque o que conta é ser bonita por dentro."

  


Um dia sua mãe disse, referindo-se ao jovem caído por causa da dependência de drogas ... "Você não pode julgá-los: são os pobres hoje".



 

Doença como um presente ...

  
No verão de 1988, durante uma partida de tênis,sente uma dor aguda no ombro esquerdo que a obrigou a largar a raquete no chão. Exames clínicos e de internação revelar o diagnóstico infeliz: osteossarcoma (tumor ósseo maligno). Chiara tinha apenas 17 anos.





Sabendo da notícia e voltar para casa, perguntou a sua mãe não fazer perguntas. Eles gastam cerca de 25 minutos de silêncio é o seu "jardim de Getsêmani" ganha graça: "Agora você pode falar mamãe", enquanto, de volta em seu rosto brilhante sorriso sempre. Se Jesus disse e não recuar. 



Meses passam. Nunca um momento de desespero, muitas vezes retorna para a oferta: ". Se você quer que ele, Jesus, eu lso quero" Permanece inalterada a sua confiança em Deus, sem medo ", Deus me ama imensamente."
É um dom. Ele se esquece de si mesma e está pronto para aceitar e ouvir aqueles que se aproximam dele.
Em particular, envia uma última mensagem para os jovens: "Eu gostaria de passar a tocha para você como nos Jogos Olímpicos, porque uma vida vale a pena viver e bem."



A reunião final ...


Ela chama o milagre e se vira para Maria escrever um bilhete: "Mãe Celestial, você sabe como eu queria curar, mas se for a vontade de Deus, eu peço a força para não desistir nunca Humildemente seu Chiara." .

Agora, como eu disse várias vezes, ela estava interessada apenas: "a vontade de Deus para o amor estar em seu jogo". Ela confia nele completamente e pede à mãe para fazer o mesmo. "Quando eu me for, confiar em Deus e segui em frente". Enquanto isso, Chiara Lubich, atribuiu o novo nome de "Luz", "Porque nos seus olhos eu vejo a luz do Espírito Santo", e tudo agora é "Chiara Luz (Clara)."

O tempo passa inexoravelmente: o fim está próximo, está ciente: ". Medicina tem depuseram as armas, agora só Deus pode"

Ela acrescenta: "Se você me perguntar agora a andar de novo, eu diria não, porque eu estou tão perto de Jesus."

Em que há um grande desejo de Paraíso, onde será "muito, muito feliz", e prepara-se para o seu "casamento". Peça para ser vestida de noiva em um vestido branco, longo e simples. Define a liturgia da Missa: escolher as leituras e canções ... As propostas devem ser projetados para crianças pobres na África. Ninguém deve chorar, mas comemorar, porque Chiara encontrar Jesus.

No 04:10 em 7 de outubro de 1990, a festa da Virgem do Rosário, Chiara (Clara) - depois de dizer adeus a sua mãe: "Adeus, ser feliz, porque eu sou" - e vai ao encontro de seu "marido" amado.

No funeral, realizado dois dias depois por "seu" bispo, com a presença de centenas e centenas de pessoas, especialmente dos jovens. Entre a atmosfera é lágrimas de alegria, as canções que se erguem para expressar a certeza de que Deus Chiara está agora na verdadeira luz; 


25 de Setembro de 2010 foi proclamada Beata Pelo Papa Bento XVI em Roma.

Fonte: www.chiaralucebadano.it


quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Jogador de futebol italiano: Encontro com Deus me livrou do vício do sexo




ROMA, 23 Out. 12 / 02:00 pm (ACI/EWTN Noticias).- O jogador de futebol do Catania, Nicola Leggrottalie, afirmou que seu encontro com Deus o ajudou a deixar o vício do sexo e agora deseja servir a Cristo e anunciá-lo aproveitando sua popularidade de atleta.

“Amando Deus eu sinto que o desejo sexual diminui, posso resistir sem ele. Sei que Deus escolheu para mim a pessoa certa, estou somente esperando-a”, afirmou o jogador de futebol evangélico, que recordou que logo depois de seus encontros ocasionais com diferentes mulheres se sentia vazio.

“Eu via uma mulher e a desejava sexualmente”, mas logo depois de havê-la conseguido “não me preocupava com ela e isto me levava a me sentir mal”.

“Possivelmente não teria encontrado Deus se não houvesse ido até o fundo do poço”, acrescentou.

Leggrottalie, que também jogou pela Juventus, disse que aprendeu que o dinheiro e a fama não são suficientes para ser feliz. “Sentia-me incompleto, eu não gostava mesmo. Aprendi por experiência que a dor é um caminho para chegar à felicidade”, afirmou.

Nesse sentido, contou que a mudança chegou graças ao apoio do também jogador de futebol Tomas Guzman e sua esposa, que o ajudaram a olhar atrás. “Comecei a rezar, a ler a Bíblia, e passo a passo percebia que, seguindo as palavras do Evangelho, esse vazio ia sendo preenchido”, expressou.

Leggrottalie relatou que agora suas noites de farra foram trocadas por encontros de amigos para ler a Bíblia e que vive a castidade esperando a mulher que Deus escolheu para ele.

“Eu percebi, durante meu crescimento espiritual, que no futebol não há lugar para Deus e, sobre tudo, que há pouca valentia para sair à luz e dizer o que se pensa. É muito cômodo ser igual a outros para não ter problemas e para que não caçoem de você”, acrescentou.

O jogador de futebol italiano disse que agora deseja aproveitar sua popularidade para “levar a palavra de Deus por todo mundo” e ajudar a duas associações que trabalham na adoção de crianças na África. 


FONTE: acidigital.com

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Santo Inácio de Antioquia

O exemplo do primeiro Bispo de Antioquia encerra toda a doçura e a força com que a Santa Igreja lançou suas divinas raízes ...
Quem já teve a oportunidade de viajar para Roma e conhecer seus antiqüíssimos monumentos - obras-primas da inteligência e da capacidade de nossos ancestrais - certamente terá experimentado uma forte atração ao deparar com o anfiteatro Flaviano, mais conhecido pelo nome de Coliseu.
Sólido e bem edificado, com suas galerias de arcos tipicamente romanos, ele atravessa os séculos, insensível ao tempo, como imagem de um passado que poucos sabem admirar. Com efeito, hoje em dia o Coliseu é objeto da incessante curiosidade dos turistas que o visitam durante todo o ano. Muitos formam intermináveis filas para nele ingressar, com o desejo de fotografá-lo e depois vangloriar-se de ter estado num dos locais mais famosos do mundo; outros percorremno com o mero intuito de constatar seu valor artístico e estrutural; poucos são, porém, os que para lá se dirigem na intenção de rezar.
santo_inacio_antioquia1.jpg
"Instigai os animais para que neles encontre o meu sepulcro
e nada reste de meu corpo para não ser pesado a ninguém.
Suplicai a Deus por mim, que por este meio
me torne uma hóstia para Deus"

Santo Inácio de Antioquia sendo devorado
pelos leões Igreja de São
Clemente - Roma
O Coliseu, teatro de crueldades
O imperador Vespasiano, invejoso da afetuosa lembrança que o povo guardava a respeito de César Augusto e sabendo que este, antes da sua morte, prometera construir um imenso anfiteatro que excedesse em esplendor todos os edifícios do mundo, concebeu a idéia de realizar este plano e assim rivalizar em fama com aquele seu predecessor. No segundo ano após sua ascensão ao trono (72 d.C.), Vespasiano iniciou sua obra. Entretanto, também a ele não seria dado ver o objeto de suas ambições, e a morte colheu-o antes de ser completada a construção, que só seria dedicada no ano 80 d.C., por seu filho Tito. Este último teve grande parte na ereção do anfiteatro, empregando nos trabalhos aproximadamente 50 mil prisioneiros, trazidos de sua vitoriosa campanha na Judéia.
Construída especialmente para ser palco daqueles jogos de gladiadores que os romanos tanto apreciavam, a gigantesca mole estava, porém, reservada para servir de quadro a combates de fé e de heroísmo muito mais gloriosos do que desprezíveis eram aqueles espetáculos pagãos! Se os divertimentos do Coliseu deixaram uma mancha no passado por causa das horríveis cenas de crueldade ali representadas, outros fatos, sob o ponto de vista sobrenatural, constituem uma das mais belas páginas da história da Santa Igreja.
Pedestal de bem-aventurados
É com espírito de piedade que deve penetrar no Coliseu o verdadeiro peregrino católico. Bastará permanecer em silêncio por um curto tempo, para perceber os imponderáveis e inverossímeis de fé, força e coragem que habitam sob essas numerosas arcadas. É evocativo esse edifício, no qual cada pedra tem um belo fato para contar e até as gramas e os musgos mais recentes desejariam dizer uma palavra sobre aquele passado feito de sangue, dor e glória. Contemplando mais detidamente essa arena, outrora pedestal de tantos bem-aventurados, podemos ainda divisar os compartimentos onde as feras eram mantidas na fome. Vê-se também ao lado destes as celas que aprisionaram os que hoje constituem uma verdadeira legião, no gozo da visão beatífica. Essas veneráveis ruínas, nas quais refulge um misterioso brilho sobrenatural, parecem cantar, ao longo dos séculos, a célebre frase latina: sine sanguine non fit remissio; lembrando aos homens que, para ser verdadeiros discípulos de Jesus Cristo, é necessário primeiro segui- Lo até as ignomínias do Calvário para depois participar do triunfo da ressurreição. Sim, foi sobre essas pedras benditas, banhadas de sangue católico, que nasceram as raízes da era em que a filosofia do Evangelho dominou sobre todos os povos.
Ouçamos, pois, atentos, um dos emocionantes feitos que esses valos, essas muralhas e arcadas têm a nos narrar.
Inácio, o Teóforo
Corria o ano 106 da era cristã. O imperador Trajano festejava sua vitória sobre Decébalo, rei da Dácia. Querendo manifestar seu reconhecimento aos deuses, a quem atribuía seu recente sucesso, Trajano organizou uma perseguição contra os cristãos que negassem a existência dessas divindades. Entre os condenados estava um venerável ancião, presa de grande valor, - pois se tratava do bispo de uma das cidades de maior importância naquela época - varão que gozava de muita estima e autoridade entre os fiéis da Ásia Menor, por ter sido discípulo do evangelista São João e designado pelo próprio São Pedro para assumir o cargo naquela Igreja: Inácio de Antioquia.
Segundo uma antiga tradição, o primeiro encontro entre o imperador e Inácio dera-se quando este último, sabendo da passagem do césar por sua diocese, fora apresentar-se voluntariamente a ele. Submetido a um interrogatório no qual Trajano tratou-o de "espírito malvado", respondeu o santo com majestade: "Ninguém pode chamar a Teóforo de espírito malvado". "Quem é o Teóforo ou portador de Deus?" perguntaram-lhe."É aquele que leva a Cristo em seu peito..." Instado pelo imperador para que se explicasse mais sobre essa afirmação, o homem de Deus declarou: "Está escrito: ‘Habitarei e andarei no meio deles'" (2 Cor 6, 16). Assim, por essas palavras, ele mesmo dava testemunho de um milagre que viria a ser confirmado após o seu martírio.
Trajano ordenou, pois, que Inácio fosse acorrentado e conduzido a Roma, sob a custódia de dez soldados, para ali ser lançado às feras no anfiteatro Flaviano.
Dolorosa viagem, desfile triunfal
Grande foi a consternação dos fiéis ao conhecerem a sentença que recaíra sobre seu amado pastor. Ele, pelo contrário, regozijava-se e não deixava de dar graças a Deus por ter sido achado digno de tão grande misericórdia. Já antes da partida, embarcando no porto de Selêucia, a notícia de sua detenção espalhara-se por aquelas regiões e de todas as partes acorriam os cristãos para vê-lo passar e dar um último adeus àquele que os precederia no Reino dos Céus. A dolorosa viagem viu-se, então, transformada em verdadeiro desfile triunfal. Em Esmirna, o bispo São Policarpo, acompanhado de seu rebanho, acolheu- o com manifestações de homenagem e respeito. Também as comunidades de Éfeso, Trales e Magnésia foram- lhe ao encontro em grande multidão, desejosas de pedir sua bênção e testemunhar os padecimentos daquele atleta de Cristo. Ele, de seu lado, não esquecera a missão que o Senhor lhe confiara e continuava a exercer seu ministério, apesar de ter as mãos apertadas por grilhões. A muitos batizou pelo caminho, a outros edificou pelas suas palavras cheias de unção, e a um número incontável inflamou na caridade, arrastando-os com seu exemplo a acompanhá-lo no martírio.
mapa.jpg
 A dolorosa viagem transformou-se em verdadeiro desfile triunfal.
Por onde passava as comunidades cristãs iam ao seu
encontro em grande multidão, desejosas
de pedir sua bênção
Seu zelo incansável levou-o a escrever sete cartas, dirigidas àquelas mesmas Igrejas que tão fervorosamente o haviam recebido. Seus escritos, verdadeiros tesouros de doutrina e espiritualidade, podem ser considerados como "a segunda formulação doutrinária cristã" 1.
Zeloso pregador da doutrina
Uma de suas principais preocupações estava na união que os fiéis deviam manter com Jesus Cristo, através da legítima hierarquia: bispos e presbíteros. Assim, exortava ele na carta aos magnésios: "Esforçai-vos por ficar firmes na doutrina do Senhor e dos apóstolos, para que tudo quanto fizerdes tenha bom êxito na carne e no espírito, pela fé e pela caridade, no Filho, no Pai e no Espírito, no princípio e no fim, com vosso digno bispo e a bem entretecida coroa espiritual de vosso presbitério, juntamente com os diáconos agradáveis a Deus. Sede submissos ao bispo e uns aos outros como, em sua humanidade, Jesus Cristo ao Pai, e os apóstolos a Cristo e ao Pai e ao Espírito, para que a união seja corporal e espiritual." 2 Em outra passagem, aconselhava a seu amigo Policarpo: "Tem cuidado pela unidade, pois nada há de melhor."3
Ao bispo de Antioquia é devida a honra de ter dado à Santa Igreja, por primeira vez, o glorioso título de católica: "Onde estiver o bispo, ali estarão também as multidões, da mesma forma que onde estiver Jesus Cristo, ali estará a Igreja Católica".
4 Também foi ele o defensor de um ponto que só viria a ser elevado à categoria de dogma séculos mais tarde: o parto virginal da Santa Mãe de Deus. Assim escreveu aos efésios: "ao príncipe deste mundo foi ocultada a virgindade de Maria, seu parto e também a morte do Senhor".5 Aos seus caros esmirnenses também afirmava: "Crendo de igual modo que verdadeiramente nasceu da Virgem, foi batizado por João ‘para que nele se cumprisse toda a justiça.'" 6
A doutrina de Inácio era clara e segura; ele a haurira dos lábios daquele discípulo a quem tantos mistérios haviam sido revelados ao repousar a cabeça sobre o peito do Verbo Encarnado e nos longos anos de convivência com Maria Santíssima.
"Procuro aquele que morreu por nós!"
Entretanto, se as cartas deste insigne doutor manifestam toda a riqueza de seu ensinamento teológico, uma outra ainda, aquela enviada aos romanos, deixa entrever o sublime ardor de sua alma, elevada aos píncaros da mais pura mística. Tendo-lhe chegado a notícia de que os fiéis de Roma procuravam interpor toda sua influência para afastar dele a mortal condenação, apressou-se em dirigir- lhes, desde Esmirna, uma comovedora súplica: "Tenho escrito a todas as Igrejas e a todas elas faço saber que com alegria morro por Deus, contanto que vós não mo impeçais. Suplicovos: não demonstreis por mim uma benevolência intempestiva. Deixai-me ser alimento das feras, porque, através delas, pode-se alcançar a Deus. Sou trigo de Deus: que seja eu triturado pelos dentes das feras para tornar-me puro pão de Cristo!
Instigai, ao contrário, os animais para que neles encontre o meu sepulcro e nada reste de meu corpo para não ser pesado a ninguém, depois de adormecer. Então serei verdadeiro discípulo de Cristo, quando o mundo não mais vir sequer o meu corpo. Suplicai a Deus por mim, que por este meio me torne uma hóstia para Deus. [...]
Que nada, tanto das coisas visíveis quanto das invisíveis, segure o meu espírito, a fim de que eu possa alcançar a Jesus Cristo. Que o fogo, a cruz, um bando de feras, os dilaceramentos, os cortes, a deslocação dos ossos, o esquartejamento, as feridas pelo corpo todo, os duros tormentos do diabo venham sobre mim para que eu ganhe unicamente a Jesus Cristo! [...]
Procuro aquele que morreu por nós: quero aquele que por nós ressuscitou. Meu nascimento está iminente. Perdoai- me, irmãos! Não me impeçais de viver, não desejeis que eu morra, pois desejo ser de Deus. [...]
coliseu.jpg
 Construído para ser palco dos jogos de gladiadores, o Coliseu
estava, porém, reservado para os combates
de fé e de heroísmo dos mártires
Vivo, vos escrevo, desejando morrer. Meu amor está crucificado. Não há em mim um fogo que busque alimentarse da matéria, apenas uma água viva e murmurante dentro de mim, dizendome em segredo: ‘Vem para o Pai!' [...]
Se for martirizado, vós me quisestes bem. Se for rejeitado, vós me odiastes." 7
Expressões de tão heróica caridade só poderiam brotar de um coração tomado pela graça do martírio de maneira superabundante. Com efeito, assim nos explica São Tomás de Aquino: "Entre todos os atos de virtude, o martírio é aquele que manifesta no mais alto grau a perfeição da caridade. Porque tanto mais se manifesta que alguém ama alguma coisa, quanto por ela despreza uma coisa amada e abraça um sofrimento. É evidente que entre todos os bens da vida presente aquele que o homem mais preza é a vida e, ao contrário, aquilo que ele mais odeia é a morte, principalmente quando vem acompanhada de torturas e suplícios por medo dos quais ‘até os próprios animais ferozes se afastam dos prazeres mais desejáveis', como diz Agostinho. Deste ponto de vista, é evidente que o martírio é, por natureza, o mais perfeito dos atos humanos, enquanto sinal do mais alto grau de amor, segundo a palavra da Escritura: ‘Não existe maior prova de amor do que dar a vida por seus amigos.'" 8.
Um lutador resignado só pode ser traidor
Esta excelência da caridade que pervadia o interior de nosso santo, só tendia a crescer à medida em que se sucediam as etapas da viagem que o aproximavam da tão almejada meta. Embarcando no porto de Dirraquio - sempre sob o olhar vigilante dos guardas, os quais ele mesmo chamava de "dez leopardos", a causa dos maus tratos que lhe infligiam - enfrentou uma longa travessia, bordejando o sul da Itália e, por fim, desembarcou em Óstia, a 20 de dezembro do ano 107, último dia das festas públicas que se celebravam em Roma.
Na orgulhosa metrópole dos imperadores comemorava-se ainda o triunfo de Trajano sobre os dácios. Durante 123 dias haviam-se prolongado os espetáculos nos quais morreram 10.000 gladiadores e 12.000 feras. O bispo Inácio era esperado com ansiedade pela turba pagã, pois as vítimas ilustres e de aspecto venerável exerciam maior atração nos jogos circenses. Por isso, os soldados para lá conduziram-no sem demora. Os cristãos receberam-no às portas da cidade, com manifestações de sincera admiração e respeito. Alegravam-se ao vê-lo, mas lamentavam, ao mesmo tempo, que lhes fosse arrebatado tão cedo. Rogaram-lhe, então, que obtivesse de Deus o favor de que algumas relíquias suas lhes fossem deixadas após o martírio. Embora contra sua vontade - pois ele desejava ser devorado por inteiro - o santo varão acedeu bondosamente em fazerse cargo de pedido tão filial.
Arrastando suas cadeias, Inácio atravessou as ruas pavimentadas da capital do império: ao longe podia divisar os imponentes muros do Coliseu dominando o vale, circundado pelos montes Palatino, Esquilino e Célio. Aquele edifício representava para ele o termo de seus anelos, a realização de suas esperanças mais íntimas, a consumação de seu holocausto. Caminhava apressadamente, não com a resignação de um condenado, mas impelido pelos ardores de entusiasmo que não mais cabiam dentro de sua alma, convicto de que o lutador resignado é traidor. Aquele edifício servir-lhe-ia de túmulo e de altar, ao passo que seria o pedestal de onde seu espírito voaria ao céu.
"Desejaria ser triturado como o trigo"
Uma numerosa multidão acorrera ao Coliseu para presenciar o sangrento espetáculo e se deliciar com o destroçamento do corpo do mártir. Este, sereno e alegre, não manifestou a menor vacilação quando as grades foram abertas e entrou no vasto anfiteatro, à espera do trágico momento em que as bestas ferozes fossem soltas. As vaias e os escárnios daqueles pagãos para ele nada significavam. Pelo contrário, eram-lhe uma razão a mais para crer na invisível coorte de bem-aventurados a esperá-lo com uma palma e uma coroa.
Ouve-se um hurra na turbamulta, sucedido por silêncio e um grande suspense: os famintos leões irromperam na arena e, impetuosos, avançaram sobre a pura e inocente vítima para devorá-la. Entretanto, com a majestade e império que possuem as almas tomadas pelo Espírito Santo, o mártir estancou-as a meio caminho, com um simples gesto de mão.
Num movimento solene, ajoelhou-se e, elevando os braços ao céu, clamou em alta voz: "Senhor, aqueles que me acompanharam e que são também vossos filhos, pediram-me que rezasse a fim de que algo lhes sobre deste martírio, para estímulo de sua fé. Eu, porém, desejaria ser triturado como o trigo para vos ser oferecido como hóstia pura. Senhor, fazei a vontade deles e também a minha, eu vos peço".
Após a oração, assistida com estupefação pela horda criminosa e pagã e pelas feras, com respeito, eis que ainda mais grandioso e nobre gesto permitiu a estas últimas sair de seu miraculoso encantamento e dar vazão aos instintos de sua voraz natureza.
coliseu1.jpg
 Vista interna do Coliseu
Em poucos minutos, lá entravam os gladiadores a agrilhoar aqueles animais que acabavam de saciar seu bestial apetite com as carnes de um novo serafim. A arena vazia, o espetáculo terminado, retirou-se vagarosa e frustrada a assistência. Que demonstração de fé e de nobreza haviam presenciado!
"Põe-me como um selo em teu coração"
Os cristãos por ali ainda permaneceram à espera do cair do sol. E quando o manto da noite passou a cobrir a cidade de Roma, penetraram na arena à procura das poeiras tornadas relíquias ao serem embebidas pelo sangue daquele que agora os precedia na glória celeste.
Um milagre! Encontraram intactos um fêmur e o coração! Tomados de sobrenatural entusiasmo, caminharam sem medir distâncias, rumo às catacumbas e depois de algumas horas, constataram, à luz das lamparinas, outro milagre: num círculo, as veias e artérias do coração do santo mártir, constituíam as célebres palavras: Iesus Nazarenus, Rex iudeorum.
Inácio, o Teóforo, o portador de Deus, atestara seu nome com aquele comovedor prodígio. Seu coração amante fora subjugado e modelado pelo Amado, segundo aquele pedido do Cântico: "Põe-me como um selo em teu coração" (Ct 8, 6). Nem as tribulações, nem as correntes, nem os suplícios, nem a própria morte o haviam podido separar do amor de Cristo. Por sua santa vida, rica em pregações, em caridade e exemplos, assemelhara-se ao Divino Mestre, imitando- o enquanto verdadeiro Pastor das ovelhas. Por sua generosa entrega levada ao extremo da imolação, alcançara para sempre aquela "única coisa necessária" (Lc 10, 42): o convívio eterno com Aquele a quem só procurara na Terra, Jesus!
A este santo varão de Deus bem poderiam ser aplicadas as belas palavras de um autor medieval: "Forte é o amor, que tem poder para privarnos do dom da vida. Forte é o amor, que tem poder para restituir-nos o gozo de uma vida melhor. Forte é a morte, poderosa para despojar-nos do revestimento deste corpo. Forte é o amor, poderoso para nos roubar os despojos da morte e no-los entregar de novo.
Forte é a morte, a ela o homem não pode resistir. Forte é o amor que pode vencê-la, embotar-lhe o aguilhão, travar- lhe o ímpeto, quebrantar-lhe a vitória." 9
E uma vez mais caiu a noite sobre a grandiosa mole do Coliseu. As areias do circo pagão, regadas pelo sangue daquele que portara a seu Redentor no peito, transformaramse de novo em campo arado e fértil, de onde germinariam muitos outros filhos da Esposa Mística de Cristo.(Revista Arautos do Evangelho, Out/2007, n. 70, p. 32 à 37)
santo_inacio_de_antioquia3.jpg